Em recente entrevista, o pastor Silas Malafaia fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, gerando um abalo na ala conservadora e bolsonarista, especialmente após as eleições de primeiro turno em São Paulo. O pastor, conhecido por sua longa associação com o ex-presidente, mostrou-se insatisfeito com a postura adotada por Bolsonaro durante o processo eleitoral.
As eleições legislativas em São Paulo foram marcadas por uma disputa acirrada, especialmente entre candidatos que se posicionaram à direita. Entre eles, o atual prefeito Ricardo Nunes foi o escolhido para receber o apoio público de Bolsonaro, o que gerou reações de outros candidatos que também buscaram se aproximar do ex-presidente, mas sem sucesso. Essa decisão acabou causando ataques internos no grupo bolsonarista.
Enquanto Nunes se consolidava como o nome apoiado por Bolsonaro na capital paulista, outros candidatos que se posicionaram na extrema direita buscaram sem sucesso obter o apoio do ex-presidente. Um desses candidatos buscou, de forma explícita, se associar ao nome de Bolsonaro, mas foi rejeitado, o que gerou descontentamento entre os apoiadores mais conservadores.
A postura de Bolsonaro, que optou por um posicionamento mais discreto e estratégico, foi vista por Malafaia como missão e covardia. Durante uma entrevista à coluna de Mônica Bergamo, no jornal Folha de S.Paulo , o pastor não poupou críticas ao ex-presidente, questionando sua conduta e liderança política. As palavras de Malafaia foram contundentes e ecoaram entre os bolsonaristas.
Malafaia afirmou que Bolsonaro agiu de maneira covarde e omissa, indicando que a atitude do ex-presidente visava apenas manter uma imagem positiva entre seus seguidores. Ele questionou que tipo de líder Bolsonaro seria ao agir dessa maneira e afirmou que o ex-presidente, ao se omitir, teria jogado para os dois lados da disputa. “Bolsonaro foi covarde, omisso. Para ficar bem sabe com quem? Com os seguidores. Que político é esse, meu Deus?”, desabafou o pastor.
Ele também criticou o silêncio de Bolsonaro e de seus filhos nas redes sociais durante o período eleitoral, apontando que não houve qualquer menção sobre a eleição municipal de São Paulo. “Entra nas redes de Bolsonaro e dos filhos dele. Não tem uma palavra sobre a eleição de São Paulo. É como se ela não existisse. Que porcaria de líder é esse?”, declarou Malafaia, demonstrando profunda insatisfação.
Essas declarações geraram grande repercussão na base de apoiadores de Bolsonaro. Muitos se dividiram entre aqueles que defendiam a postura mais estratégica do ex-presidente e os que, assim como Malafaia, viam a ausência de um posicionamento mais claro como um sinal de fraqueza e falta de liderança. O impacto foi imediato e repercutiu nas redes sociais e nos grupos de apoiadores.
Além disso, a crítica pública de Malafaia não passou despercebida dentro do círculo próximo a Bolsonaro. Em uma entrevista à coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles , Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, comentou a polêmica gerada pelas falas de Malafaia. Flávio afirmou que, com essas declarações, seu pai poderia “perder a confiança” que tinha no pastor, insinuando um distanciamento possível entre os dois.
Essa ocorrência de Flávio Bolsonaro mostra como as críticas de Malafaia foram recebidas com seriedade pelo entorno do ex-presidente. O comentário de que Bolsonaro poderia perder a confiança em um aliado de longa data como Malafaia indica um momento de tensão interna no bolsonarismo. Ao longo dos anos, o pastor sempre esteve ao lado de Bolsonaro, defendendo suas pautas e decisões, mas agora parece haver um desgaste na relação.
No entanto, pouco tempo após as declarações que repercutiram amplamente na mídia e nas redes sociais, Silas Malafaia apresentou um tom mais conciliador. Em suas redes sociais, ele publicou uma mensagem afirmando que havia conversado e se entendido com o ex-presidente, minimizando a polêmica. Malafaia declarou que, apesar das diferenças, eles procuram chegar a um consenso sobre o apoio dado na eleição.
A tentativa de apaziguar a situação foi vista como um movimento para evitar uma ruptura maior dentro do grupo bolsonarista. Malafaia, percebendo o impacto de suas críticas e o risco de desunião, buscou amenizar o discurso e reforçar a importância de manter a unidade entre os apoiadores conservadores. A mensagem foi recebida de forma positiva por parte dos seguidores que acompanham o pastor.
Por outro lado, Bolsonaro não fez nenhum comentário público sobre o assunto. Sua postura silenciosa pode ser interpretada como uma forma de evitar alimentos ainda mais a polêmica, mantendo o foco nas estratégias políticas que consideram mais importantes no momento. O ex-presidente preferiu não responder diretamente às críticas de Malafaia, o que pode indicar um afastamento calculado ou simplesmente uma tentativa de não prolongar o conflito.
Analistas políticos apresentam essa situação com atenção, destacando como as divergências internas podem afetar o grupo bolsonarista, afetando a coesão entre seus apoiadores. A relação entre Bolsonaro e Malafaia, embora ainda sólida em muitos aspectos, parece ter chegado a um momento de prova, onde ambos precisarão recalibrar suas estratégias para continuarem unidos.
A ala conservadora e bolsonarista, que sempre foi marcada por uma forte coesão e alinhamento, agora enfrenta desafios para manter essa unidade. Malafaia, com seu papel influente entre os evangélicos e apoiadores de direita, tem um peso significativo, e suas críticas podem indicar um movimento maior de descontentamento entre outros aliados.
Diante desse cenário, o futuro da relação entre Bolsonaro e Malafaia permanece incerto. Se, por um lado, há um esforço de reconciliação, por outro lado, uma troca de críticas públicas pode deixar cicatrizes difíceis de serem superadas. Os próximos passos dos dois líderes serão fundamentais para entender se essa é apenas uma fase temporária ou um sinal de uma divisão mais profunda no movimento conservador.